[Vida de Leitor] – Lendo tarde da noite

Eu já disse que não existe melhor horário do que a madrugada? Não!? Eu amo o silêncio que se instala em minha casa, e com isso mergulho ainda mais no livro. Isso seria ótimo se eu não precisasse acordar cedo!

Só mais um capítulo, eu juro! Ah, só mais esse e vou dormir. Essas são celebres desculpas frases de quem está preso em no livro (literalmente preso, amarrado) na hora de dormir. De capítulo em capítulo, você termina o livro e o dia amanhece. Entretanto, você tem vida fora dos livros e ela começa bem cedo.

Leitor-da-madrugada-que-tem-que-acordar-cedo sofre. Largar o livro? Nem pensar! Perder o horário? Não devo, mas tenho que continuar a leitura. Vamos e convenhamos, quem nunca perdeu o horário por causa de um livro e deixou de ir à escola, trabalho, médico e por aí vai?

Um caso comum...

Maria, uma leitora normal, está lendo um livrinho muito bom. Já são 22hs e ela dorme às 21hs. Já deveria está dormindo, mas o livro está instigante, mesmo que o sono esteja crescendo.
— Eu juro, só mais esse capítulo e vou dormir — ela múrmura fitando o nome do capítulo. Sentindo os olhos se esfarelarem de sono, ela recomeça a leitura.

A falha esperança de Maria desmancha-se na metade do capítulo, ela percebe que, daí para o final, mais interessante vai ficar. Maria vai lendo, lendo, lendo, lendo. A luz do seu abajur não é mais a única. O Sol nasce. Maria se desespera e larga a leitura. Ela tem que estar no trabalho ás 10 da manhã.

Resolve dormir um algumas horas, a fim de recuperar um pouco suas energias. Quando o horário de costume do seu levantar chega, o despertador alarma uma, duas, trezes vezes, mas ela não consegue acordar. Depois de muito tempo, ela desperta ainda sonolenta e olha para os grandes e assustadores números: 11:44.
Ela está mais do que atrasada.

Levanta rapidamente e se arruma mais rápido ainda. Consegue, com muita agilidade, chegar ao trabalho às 13. A recepção do seu chefe não é nada acolhedora e compreensível, se é que existe compreensão para tão alto.

— Por qual motivo, Maria, você não estava aqui no horário que deveria estar? — seu chefe se supera; sua voz consegue ficar mais assustadora que seu rosto.

— Eu estava lendo um romance e não consegui parar e... me desculpe.
Tudo bem, não era é primeira vez que Maria não conseguiu interromper a leitura. Já chegou atrasada várias vezes, mas, nessa, ela extrapolou os limites.

— Romance, Srta. Maria? Devo lhe dá um grande presente. Está despedida! Agora você pode ler quantos livros você quiser — seu dedo aponta para a porta de saída, que é a mesma da de entrada, mas ela só consegue nomeá-la como porta de saída. Do seu emprego.

Maria, ainda assustada e perplexa, sai da sala tentando processar seu novo status:
Desempregada e ainda não sabe o final do livro.

Tudo bem, temos que apelar para a responsabilidade. Sempre. Porém é tão complicado interromper a leitura nas melhores partes que chega a machucar. A verdadeira luta não é com o chefe, o professor ou o horário; a luta que temos que travar a cada livro incrível é com nossa incontrolável e compulsiva vontade de terminar a leitura.

Me embolo de um lado, me atrapalho de outro, perco noites, mas ganho momentos de leituras prazerosas. Nunca me aconteceu nada do tipo, o que agradeço profundamente. Mas as leituras viciantes valem nosso emprego, trabalho de escola/faculdade, responsabilidade? Acho que não! Então, aprenda a ler com o barulho desconcentrante do mundo a luz do sol.

Bem... falar é fácil, muito fácil, fazer que é realmente a parte complicada.

Vocês leem até tarde, perdem o horário e já perdeu noites? Você já se enrolou em situações constrangedoras por causa de um livro, como nossa Maria? Contem-me!

Seção do blog Bibliotecando com a Cris, onde se comenta de forma divertida, coisas que só acontecem com quem ama ler. A cada quinzena um tema novo. Para acompanhar os outros posts, clique aqui.