[Resenha] Sangue Quente + breve comentário sobre o filme

Sangue Quente

Páginas: 252
Formato: 16x23cm
Preço: R$34,90
Onde comprar:
Saraiva
Submarino

Autor: Isaac Marion
Editora: Leya
ISBN: 9788580440331
Ano: 2011
Gênero: Romance, Distopia, Comédia
Nota: ★★★★★
Sinopse:
R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo, cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos.

Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a "vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro.

Sangue Quente foi a maior surpresa do ano até o momento. Por um bom tempo o livro pouco me interessou, então vi o trailer da adaptação cinematográfica e me interessei em assistir ao filme e ler o livro. Na resenha de hoje mesclarei do livro com alguns comentários sobre o filme.

O livro gira em torno de R, um zumbi vivendo uma crise existencial e que se questiona sobre várias coisas, mesmo que não consiga falar mais de quatro sílabas e andar sem cambalear. R não faz parte da minoria, em algum determinado momento da história começaram a surgir os zumbis e causou uma enorme ruína na terra. No livro, temos duas espécies de zumbis: os Carnudos e os Ossudos. Os carnudos são como o R, em diferentes estados de decomposição, desde bem pouco decompostos a estágios de alta decomposição. Já os ossudos são compostos de apenas ossos, sem nenhum tipo de ligamento entre os ossos. Ao longo do livro aprendemos que dos dois devemos temer muito mais o segundo.
E, claro, zumbis se alimentam dos humanos, principalmente dos seus cérebros. Então, certo dia enquanto saem para casar, R come o cérebro de Perry, namorado de Julie. Ao reviver seu passado com uma nitidez e precisão pioneiras, R sente uma grande necessidade de salvar a vida de Julie. E ele a salva e então vários questionamentos inunda seu cérebro. E essas perguntas podem ser a diferença entre estar vivo ou morto.

Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.

Eu gostei muito dos personagens, tanto a Julie quanto o R. Algumas pessoas podem pensar a Julie como uma garota que precisa ser salva, mas não se enganem, Julie não é tão indefesa quanto a sinopse pode figurar. Ela não é uma donzela em perigo, muito doce e bondosa; ela já passou por muitas coisas, coisas sombrias e não pude deixar de me impressionar. O R é fantástico. Se eu fosse refletir no tipo de zumbi capaz de fazer alguém se apaixonar, ele é o R.

Outra coisa que me surpreendeu foi a forma como Isaac Marion trabalhou como os seres humanos vivam naquele mundo. Enquanto se guardam em Estágios e são treinados para garantirem a sobrevivência do grupo, há crianças que são preparadas desde muito jovem a como matar, elas não brincam nem aproveitam as pequenas coisas que fazem uma diferença sólida no futuro. E então me questionei: sobreviver é viver?

Apesar da nota máxima e de eu ter favoritado, não posso dizer que o livro é perfeito. Ele tem uma boa narração, que fluía na maioria das vezes, mas nas cenas dos flashes back do Perry eu senti certa estranheza e quebra de ritmo de leitura, mesmo que estes flashes fossem extremamente importantes, cortou algum final de cena de roer as unhas e quando eu virava a página para outro capítulo... Memórias do Perry.
Eu imagino vocês se perguntando por que dei nota máxima se a quebra do ritmo de leitura é tão importante. É uma questão que me fiz durante o tempo que terminei a leitura e planejei a resenha. Tudo é uma questão de compensação: enquanto o ponto negativo não é qualquer um, o motivo não é solto e o livro fez algumas coisas que não encontramos em muitas distopias: sarcasmos que me levou ao riso, pensamentos reflexivos e um desejo enorme de tudo dar certo, porque teve um momento que não vi saída e rezei para que tudo acabasse bem.

E agora o comentário sobre o filme, o motivo real pelo qual li o livro.

Foi uma adaptação bacana, mas é importante entender que foi relativamente fiel, mas trabalharam em pontos diferentes. Enquanto o livro é uma comédia (no começo, principalmente) reflexiva para um publico mais maduro, o filme trabalha no ponto de visto do livro para adolescentes e o título Meu Namorado é um Zumbi é o maior sinal. O livro tem um foco no romance, mas como a causa, já no filme é basicamente a causa e a consequência.
O que direi é totalmente clichê, mas o livro é, no meu ponto de vista, melhor que o filme.

Então é isso, recomendo a leitura e depois, só depois, vejam o filme, porque, mesmo tendo um publico alvo diferente do livro, é muito bom.

Beijos e bom domingo.