Apresentação do Vida de Leitor(a)

Há coisas que quase todos os leitores (vamos entender leitor como aquela pessoa que sempre tem um livro nas mãos e adora isso) que é como umas regras. Sempre prometemos que será só mais um capítulo; sempre nos apaixonamos ou odiamos certo personagem; vez ou outra nos identificamos tanto com determinados personagens que achamos que o escritor escreveu sobre nós.

E a palavra do Vida de Leitor(a) é justamente identificação. Vocês vão se identificar com algumas coisas do dia a dia da Estela. Vão falar bem assim: Não brinca, comigo é a mesma coisa!

A coluna VdL (nossa sigla, ok?) são crônicas para nossa diversão quinzenal. Vamos lá?

Sempre comparei a vida com os livros. A cada novo começo tudo parece estranho, mas em 20 páginas/2 semanas e as começam a parecer familiares. Era isso que eu estava me dizendo no meu primeiro dia de trabalho, porque, de repente, os um pouco mais que quatro anos não estavam servindo para nada.
Quatro anos de faculdade não faz a gente se sentir seguro de si, nem a como não pirar com tanto para fazer e muito menos a ficar calmos diante de tudo. Os quatro anos não serviam de nada, eu precisava de uma boa xícara de chá e um livro.
Vou contar um pouco de mim para vocês, para que entendam meu drama.
Eu coleciono história, principalmente as de amor – na verdade, coleciono livros, mas dizer daquela forma parece mais romântico, poético, porque, quando o assunto é história de amor, eu só coleciono livros mesmo. Romance comigo sempre dá em tragédia.
Eu sei que sou um pouco sonhadora... Tudo bem, muito sonhadora. Desde criança, minha imaginação era tão fértil que não tive um amigo invisível, mas construí o mundo da Estela, o meu. Quando criança, a imaginação era fantástica, mas na vida adulta ela cobra um preço muito alto, porque rapidamente saiu de orbita e deixo de ver coisas que eu precisaria enxergar.
Sou recém-formada em Ciências Contábeis. Sou nova na cidade. Sou nova no emprego. É muita novidade hoje, mas era pior no primeiro dia. Fui contratada como Assistente de contabilidade em uma grande empresa da capital, mas era longe de casa e não pensei duas vezes em embarcar no novo começo. Sendo assim, aluguei um apartamento, arrumei minhas coisas, me mudei e esperei ansiosamente o meu grande primeiro dia. Obviamente, eu sonhei. Na minha imaginação, encontraria uma equipe calorosa, que estaria a posto para me orientar. Mas eu só encontrei desordem. Foi decepcionante quando perguntei a uma colega e ela me disse que eu fui contratada para ajudar a organizar a bagunça, não dá mais trabalho. Eu não precisava de muitas coisas para saber que ela não tinha ido com a minha cara.
Me entendem agora?
Sem saber por onde começar, sem tem informações e nem noções, me sentei em uma das duas cadeiras vazias e comecei a arrumar a mesa que elas dividiam. Empilhei documentos por categorias, chequei as canetas, ajeitei o monitor para ficar na melhor posição e abri a bolsa. Peguei meu celular e vi uma mensagem dos meus pais: Boa sorte no trabalho, filha. Tenho certeza que você se sairá muito bem., dizia ela. Pelo visto o sexto sentindo deles não estavam funcionando naquele momento.
Acho que fiquei um pouco mais que dez minutos mexendo no celular, até que alguém me cutucou e olhei para ver quem era. Era um colega de trabalho.
— O chefe está te olhando. É melhor guardar o celular.
Nervosa, olhei em volta e vi. Um homem muito bonito. Ele estava de terno, com o cabelo escuro penteado todo certinho contrastando com sua pele bronzeada. A aquela distancia foi possível ver duas coisas: ele tinha olhos verdes e me olhada duramente.
O tal chefe começou a caminhar na minha direção e me vi sem saber o que fazer.
— Me acompanhe até minha sala, por favor — apesar do por favor, seu tom deixou bem claro que aquilo era uma ordem.
— Claro.
Sem olhar para trás, seguiu em frente e eu prontamente o acompanhei até a sala, mas não sem antes conferir o nome e o cargo na porta aberta:
Marcelo Farias
Gerente contábil
Ele colocou a maleta em sua mesa e se sentou numa cadeira que parecia confortável, mas não sem antes me indicar umas das duas cadeiras a frente da mesa. Respirando profundamente, me sentei.
— Acredito que você seja a Srta. Estela Leite — concordei com a cabeça. — Lamentavelmente, o funcionário responsável por lhe orientar ficou doente e não pode comparecer. Outros poderiam fazer, mas ele é o mais velho e dou preferência por ele, para que nada saia errado.
— Espero que não seja nada grave — e eu realmente esperava.
— Também — ele me olhou de forma avaliadora. — Por hoje eu quero que você trabalhe comigo.
— Tudo bem. O que posso fazer?
— Pegue a sua bolsa e retorne — ele ordenou, sem por favor dessa vez.
Me levantei e comecei a sair da sala quando a voz dele me parou.
— E nunca mais quero vê-la mexendo em celular no expediente.
Com raiva dele, de mim, do funcionário que tinha ficado doente e do maldito dia, peguei a minha bolsa.

No final do primeiro dia, eu estava cansada, frustrada e muito decepcionada. Meu primeiro dia tinha se resumido á pegar café para o tal Marcelo, telefonar para o tal Marcelo, pegar documentos em tal setor para o Marcelo e bancar a secretaria para ele o tempo todo.
Chegando ao meu apartamento, que não estava totalmente organizado e faltando comprar muitas coisas ainda, eu só queria tomar banho e dormir. E foi justamente o que fiz. Pulei refeição e folhear um bom livro.
E foi assim eu soube que meu dia tinha sido péssimo.

2 comentários:

  1. Adorei a nova coluna, Cris!
    Você escreve muito bem, é uma narração bem leve.
    Mas fiquei curiosa para saber o que vai acontecer a personagem, já que você não deixou muitas pistas.
    Aguardo a próxima crônica!

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    Respostas
    1. Obrigada! É bem difícil ficar do outro lado, esperando a opinião das pessoas, então fico bem feliz.
      Na próxima crônica teremos mais dicas.

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